29.10.09

Kerem Beyit - First Lesson


The Art of Kerem Beyit
Spread your wings my child, and greet the sky!
In this amazingly mature work by Kerem Beyit, I indeed had the privilege to recognize myself, for sometimes learning and others teaching.
Mas o maior privilégio de todos, é ter-te a meu lado a abraçar os céus, nos dias radiosos e também nos tempestuosos.
Realize, my love, that tempests don't last forever. In your nature reside the elements of air, fire, earth and water, to them you are kindred. When the tempests lacerate the sky in their howling fury, remember who and what you are, for there is nothing comparable to the likes of being under the sheltered wings of a dragon.
Fly fearless! Fly freely!
Happy Birthday ...

2.10.09

Marta Dahlig - The Oracle


The Oracle, title of the Wise, path of the enlighted, hearts of knowledge...though still...
... the messenger is not important, the message is - for all things turn to one, and one with all.

I am the light that shines over all things. I am everywhere.
From me all came forth, and to me all return.
Split a piece of wood, and I am there. Lift a stone, and you will find me there.
Thomas v. 77

20.8.09

Benita Winckler - Faydrums

Benita Winckler

I've always liked a good story, but for that you need to be a good listener. Sometimes the story teller may be a bit faraway, or speaking a different language, or...not even be human...

- Listen closer my child.
- It's only water.
- Closer I said. Can't you hear them?
- It's water springing from a fountain!
- And what else? Shut your eyes.
- Birds, river stream afar, feet crushing dry leaves, water dripping into the tank...
- Good, do you think all the waters from the stream, fountain and tank are the same or different?
- They look different in color, the tank water is green, the fountain one shines and the stream one looks like the rocks around her...they are different.
- Yes they are different but they share the same source, a big river that runs underground, right beneath our feet. If you listen closer, sometimes you can hear it running.

And I fell asleep listening to the tank, fountain, stream and underground river, in a cushion of pine tree needles.

19.6.09

Senol Ozdemir - Dragonlover

"She’s a kind of amazon warrior. She loves dragons much and adores them. Yes, she’s a dragoniac. She makes all day this, ‘cause of her mother and grandma were a dragoniac, too."

Senol Ozdemir

Nothing so perfect right now as this artwork to bring up a people that existed a long time ago - the Dragani (latin), Dragani or people of the dragons.

It seems that the first mention to this people was made by Rufus Avienus Festus in the poem Ora Maritima...

Ophiussam ad usque. rursum ab huius litore
internum ad aequor, qua mare insinuare se
dixi ante terris, quodque Sardum nuncupant,
septem dierum tenditur pediti via.
Ophiussa porro tanta panditur latus
quantam iacere Pelopis audis insulam
Graiorum in agro. haec dicta primo Oestrymnis est
locos et arva Oestrymnicis habitantibus,
post multa serpens effugavit incolas
vacuamque glaebam nominis fecit sui.


...and that they lived in NW Iberian Peninsula. By the time, the ancient Greeks had named the territory Ophiussa - land of serpents. In the poem Ora Maritima, the Oestrimni would of had to flee from an invasion of serpents. Is not clear however, if they were seeking refuge from the Saephe or the Dragani. Up to nowadays it is not fully clear if the symbol present in the signet of kings of Portugal is a gryphon or perhaps a representation of an old winged serpent.

Bathe in a wave of serpents ...
Faun - Unda

18.5.09

Nykolai Aleksander - The Embrace


"It is a dance, a neverending ballet of Light and Dark, Good and Evil: Not one against the other, but a symbiosis of the two as One..."Created for Wacom's "Good vs Evil" contest on deviantART.I didn't want the dragon to be the typical reptile, but a creature suspended between elements, half solid and dark, half air and light, like something imagined that slowly takes on form, yet looms dangerously close to touch.Also, I rather like old iconic paintings (or Icons, even), so I tried to recreate something of them with this.Personal references used for the figure, the rest is freehand. I played around with a lot of layers for the lighting, and I think my computer hated me towards the end... by Nykolai Aleksander.


Desde há muito que procuro uma obra que ilustrasse a seguinte frase;

Perdoamos facilmente uma criança que tem medo da escuridão; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz. - Platão

...por isso, obrigado Nykolai.



Star of fate


And if lost in the maze of life, dwelling in the nebulous mists on your own free will with a song for company and memories for nourishment, smile at the shadows and embrace the light. They are like the sand at seaside, gulping your path in warmth or impriting cold steps as you breathe, careless for the tides that will erase them. And when the Dawn shed dew tears on your shoulders, longing with her for the return of the stars.

"...E que, na torpitude de existir-se, ao menos possa haver
as alegrias ingénuas de todo o recomeço.Que os sóis desabem.
Que as estrelas morram.Que tudo recomece desde quando a luz
não fora ainda separada às trevas do espaço sem matéria.
Nem havia um espírito flanando ocioso sobre as águas quietas,
que pudesse mentir-se olhando a criação." - Jorge de Sena

22.4.09

George Patsouras - Dancing with the Devil

George Patsouras aka cgaddict

" A Lua e a Água juraram falso; o Sol verdade ... Deus então castigou a Lua, tirando-lhe os raios para os dar ao Sol; castigou também a Água, obrigando-a a correr sempre, sem nunca estar queda."

J. Leite de Vasconcellos, 1975

Perda amarga...procura incessante...

8.1.09

Christophe Vacher - Automne

http://www.vacher.com/

"It is hard for me to discuss my own work; like your own handwriting, it is something that, at this point, is simply a part of me. People often ask me:"What inspires you to paint?" or "What's the meaning of your paintings?" Well, my work is mostly inspired by music, travel and personal experiences. ..."

Das palavras de Floria Sigismondi "entropic underworlds inhabited by tortured souls and omnipotent beings" poderão adaptar-se para a obra de Christophe Vacher: Omnipotent...Worlds...Inhabited...by Souls...and Entropic...Beings.

A paisagem domina as obras deste artista e é precisamente a introdução do elemento humano, que gera a desordem, a incongruência e nos chama a atenção, pois afinal de contas, que faz aquele ser ali? A desordem viva e a magnitude do inerte. Milhares de processos metabólicos por segundo versus milhares de anos. Transferência de energia versus conservação da energia. Equilíbrio dinâmico em coexistência com equílibrio integrado.

Grandes São os Desertos, e Tudo é Deserto

Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto
Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo.
Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes
Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas,
Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.

Grandes são os desertos, minha alma!
Grandes são os desertos.

Não tirei bilhete para a vida,
Errei a porta do sentimento,
Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse.
Hoje não me resta, em vésperas de viagem,
Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,
Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem,
Hoje não me resta (à parte o incômodo de estar assim sentado)
Senão saber isto:
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida,

Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar
Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem)
Acendo o cigarro para adiar a viagem,
Para adiar todas as viagens.
Para adiar o universo inteiro.
Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente absoluto!
Mais vale não ser que ser assim.

Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro,
E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito.

Mas tenho que arrumar mala,
Tenho por força que arrumar a mala,
A mala.

Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão.
Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala.
Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas,
A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino.

Tenho que arrumar a mala de ser.
Tenho que existir a arrumar malas.
A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte.
Olho para o lado, verifico que estou a dormir.
Sei só que tenho que arrumar a mala,
E que os desertos são grandes e tudo é deserto,
E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.

Ergo-me de repente todos os Césares.
Vou definitivamente arrumar a mala.
Arre, hei de arrumá-la e fechá-la;
Hei de vê-la levar de aqui,
Hei de existir independentemente dela.

Grandes são os desertos e tudo é deserto,
Salvo erro, naturalmente.
Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado! Mais vale arrumar a mala.
Fim.

Álvaro de Campos in "Poemas"